sexta-feira, junho 14, 2024

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Os textos desse blog, que esteve ativo entre 2006 e 2017, representam apenas as minhas percepções iniciais sobre música. Obrigado!☺

sexta-feira, novembro 03, 2017

[Álbum] Pacific Daydream (Weezer)

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O Weezer sempre foi uma banda de altos e baixos, seja em estilo ou qualidade musical. Após mais de duas décadas e dez álbuns lançados, o quarteto californiano poderia investir apenas em sua “fórmula do sucesso”, a qual consiste num turbilhão de temáticas ‘nerds’, guitarras pesadas e melodias “fofinhas” – e que resultou, por exemplo, no excepcional disco "Everything Will Be Alright in the End" (2014). Porém, seu décimo-primeiro disco, intitulado “Pacific Daydream”, nos traz apenas sabores novos... e indigestos.

Rivers Cuomo e seus queridos comparsas nos entregam 35 minutos de uma sonoridade que, apesar de concisa e corajosa, não passa de uma massa pastosa de pop/rock moderno com batidões arrastados e sutilmente eletrônicos, além de guitarras apagadas. Os "animados" singles "Mexican Fender" e "Feels Like Summer" representam bem essa essência, além de nos levarem à pergunta: essas duas coisas pasteurizadas deveriam ser os novos hinos do Weezer?

De positivo, temos aqui as adoráveis letras irreverentes e divertidas de sempre, em um caleidoscópio de aventuras - e desventuras - típicas de um "loser's club" formado por quarentões. Os astros se alinham de forma certeira na excelente - e comovente - "Sweet Mary", e no divertido rock "La Mancha Screwjob".

Infelizmente, o acervo de boas ideias temáticas acaba se perdendo em faixas como as cafonas "Weekend Woman" e "QB Blitz". Ainda temos o quase hip hop "Beach Boys", o qual não passa de uma tentativa risível de chegar a lugar nenhum. E "Happy Hour" soa tão sonolenta quanto... bem, qualquer coisa que não seja uma hora feliz. E o que falar do rock insosso "Get Right", o qual está longe de ser o acerto propagado pelo seu próprio título? Por fim, "Any Friend of Diane's" nos faz querer ser amigos de qualquer pessoa, menos da tal Diane.

No final das contas, é bem provável que os iniciados do universo rocker noventista atravessem a audição de "Pacific Daydream" com apenas uma ideia na cabeça: puxa vida, como eu adorava a alma e energia do "Blue Album", "Pinkerton" e "Green Album". De toda forma, o novo álbum do Weezer nos mostra bem o que é que não queremos escutar desses quatro - e ainda carismáticos - 'nerds'.

Nota: 3

Confira a divertida "homenagem" feita ao Guns N' Roses no clipe de "Feels Like Summer":


Músicas:
1. Mexican Fender
2. Beach Boys
3. Feels Like Summer
4. Happy Hour
5. Weekend Woman
6. QB Blitz
7. Sweet Mary
8. Get Right
9. La Mancha Screwjob
10. Any Friend of Diane's

quarta-feira, setembro 20, 2017

[Álbum] Concrete and Gold (Foo Fighters)

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Se alguém duvidou que o Foo Fighters tivesse a capacidade – e coragem - de lançar um álbum realmente alternativo, podemos dizer a essa pessoa que existe uma possibilidade de novas experimentações no horizonte para Dave Grohl e sua trupe. Em seu nono álbum de estúdio, modestamente intitulado de “Concrete and Gold”, uma coisa é certa: o correto equilíbrio entre o acessível e o “esquisitão” pode trazer um punhado de boas canções...

Há cerca de três meses, tivemos o lançamento repentino do single “Run”, uma escolha curiosíssima para iniciar a divulgação do novo álbum. A música é um excelente “suicídio comercial”, com suas variações rítmicas, alternâncias entre melodia e peso, e uma letra que fala simplesmente sobre a eventual vontade de escapar de um possível destino desagradável - o que não deixa de ser uma sutil referência ao cenário político atual dos EUA. É válido apostar que "Run" ainda pode entrar para o acervo de clássicos do (agora) sexteto.

Ao longo do álbum, temos menos peso e agitação, como evidenciado na boa, épica e fantasmagórica "The Sky Is a Neighborhood", e no clima retrô envolvente de "Sunday Rain". Vale destacar também a intensidade "crescente" da ótima "Dirty Water", e o sabor "crocante" dos divertidos rocks "Make It Right" e "La Dee Da". E por falar em guitarras saborosas, a faixa-título do álbum nos presenteia com uma corretíssima mistura de peso, suavidade e progressividade. E sim, as letras do disco continuam oscilando entre o pessimismo e a necessidade de um bem-vindo escapismo para todos nós.

Ironicamente, o setor menos inspirado do disco é aquele que traz suas faixas mais simples e diretas: os medianos rocks "Arrows" e "The Line", e a quase ignorável balada acústica "Happy Ever After (Zero Hour)". Sem contar a curta e pífia faixa de abertura "T-Shirt", tão descartável quanto uma camisa velha e rasgada.

Em meio a altos e alguns poucos baixos, "Concrete and Gold" nos leva em uma viagem alternativa e psicodélica que mistura o melhor do rock clássico com a boa e velha "robustez" sônica dos 'Foos', além de participações especiais (pesquise, por favor) que se juntam de forma bastante homogênea. Temos aqui um disco que mostra uma banda perfeitamente ciente de como deseja soar - e como deseja discursar - no presente momento. Deite, apague a luz, e se entregue a essa gostosa experiência.

Nota: 7

Confira o divertido clipe de "Run":


Músicas:
1. T-Shirt
2. Run
3. Make It Right
4. The Sky Is a Neighborhood
5. La Dee Da
6. Dirty Water
7. Arrows
8. Happy Ever After (Zero Hour)
9. Sunday Rain
10. The Line
11. Concrete and Gold

segunda-feira, abril 27, 2015

[Álbum] Blaster (Scott Weiland)

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Scott Weiland sempre foi um cara difícil de compreender, tanto em sua bem sucedida carreira com a banda grunge/alternativa Stone Temple Pilots quanto em sua carreira solo. Aqueles bem informados sobre o mundo do rock já sabem que o vocalista americano em questão foi chutado da sua banda "principal" em 2013, devido ao seu comportamento... errático, digamos assim. E o que saiu disso tudo foi o seu novo álbum solo, "Blaster" (2015).

Scott havia lançado apenas dois álbuns bastante irregulares em sua carreira solo até então, ambos calcados em uma mistura pouco convincente de experimentalismo com psicodelia. Porém, após fazer uma aparente reflexão (acredito eu) sobre seus pontos fortes no Stone Temple Pilots, Scott resolveu apostar em um rock 'n' roll mais "puro". Tal recomeço pode ser notado inclusive na utilização de um nome para sua banda de apoio: The Wildabouts.

Neste trabalho, são os rocks de letras mais "aventureiras" e menos pessoais que dominam tudo, como podemos evidenciar na pesada e intrigante "Modzilla", a qual parece mostrar que Scott tem escutado alguns dos sons mais roqueiros do Jack White. E a festa continua nas eletrizantes "Hotel Rio", "Amethyst" e "Bleed Out", faixas que vão do grunge ao glam rock à la T. Rex - banda esta que, por sinal, foi homenageada no disco através de um cover desnecessário de "20th Century Boy".

O que falar então do 'stoner-blues-rock' "White Lightning", que soa tão estrondoso quanto um gigante passeando por um planeta devastado? Já no outro extremo musical, para quem curte investidas mais melodiosas, temos pérolas de 'power pop' grudento como a boa "Way She Moves" e as excelentes "Blue Eyes" e "Beach Pop". Por fim, temos a única balada do disco: "Circles", um belo 'indie-contry' que fecha o trabalho em tom de candura e relaxamento.

Em 45 minutos que parecem durar menos de 20, "Blaster" mostra uma nova cara do Scott Weiland em sua carreira solo, agora que ele se permitiu tomar lições das vertentes mais roqueiras do Stone Temple Pilots - além de influências sutis do seu ex-supergrupo Velvet Revolver. Pela primeira vez, podemos vê-lo como um artista independente e perfeitamente capaz de entregar um disco cheio de rocks saborosos e "mastigáveis". E que venham mais!

Nota: 9

Confira o clipe de "Modzilla":


Músicas:
1. Modzilla
2. Way She Moves
3. Hotel Rio
4. Amethyst
5. White Lightning
6. Blue Eyes
7. Bleed Out
8. Youth Quake
9. Beach Pop
10. Parachute
11. 20th Century Boy
12. Circles

domingo, dezembro 21, 2014

Top 2014 + "Bonus Track"

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Chegamos ao final de mais um ano de música altamente discutível (para o bem ou para o mal) no Rock em Análise! Você poderá conferir aqui os melhores álbuns e músicas de 2014... na humilde opinião deste resenhista, claro! E como "faixa bônus", para compensar a falta de atividades no blog ao longo do ano passado, acrescentei ao final da matéria um breve Top 2013, para não ignorarmos as pérolas musicais de um ano que também foi bem interessante...

Devo dizer que 2014 começou sem grandes destaques, porém acabou se mostrando um ano promissor e recheado de atividade criativa no mundo do rock. Tivemos, inclusive, lançamentos de gigantes "adormecidos" (até então) do rock, como Pink Floyd, AC/DC e Nickelb... brincadeira, meus amigos!

E agora, sem maiores enrolações, e após uma análise apurada de um total de 61 álbuns escutados, vamos às listas:

Top 10 - Álbuns (em ordem decrescente):

10. Não Pare Pra Pensar (Pato Fu)
O Pato Fu havia abandonado por um momento o seu famoso paradoxo musical, que unia o pop com o rock alternativo. Agora, com seu mais novo álbum, o grupo retomou o seu lado mais "louco" e nos entregou um dos seus trabalhos mais... roqueiros, digamos assim. E que a redescoberta da sonoridade ousada por parte de Fernanda e Jonh nos traga álbuns tão interessantes quanto esse no futuro!
Clique aqui para ler a resenha completa.

9. Futurology (Manic Street Preachers)
Em sua eterna ode à mutação musical, os "Manics" também ganharam um espaço nesse 'Top', com um álbum que representa mais um passo do trio rumo a um bom futuro, tanto para eles mesmos quanto para os poucos ouvintes que ainda prestam atenção à sua intrigante música.
Clique aqui para ler a resenha completa.

8. Royal Blood (Royal Blood)
Infelizmente, 2014 não foi um ano de grandes surpresas no setor de calouros do rock. Mas, entre as bandas novas com um futuro promissor, temos os a dupla britânica Royal Blood, que lançou um álbum de estreia bastante energético, e de uma sonoridade "musculosa" que nos faz esquecer por um momento que suas músicas não possuem guitarras! Desejo apenas que esses dois caras não demorem a lançar seu próximo trabalho...

7. Sonic Highways (Foo Fighters)
O álbum anterior dos 'Foos' conquistou o primeiro lugar dessa humilde premiação em 2011. Dessa vez, eles ficaram apenas com o 7º lugar... e não há nada de errado nisso! Em seu novo álbum, Dave Grohl e sua equipe mantém boa parte da sonoridade elétrica readquirida no trabalho anterior, mas dessa vez apontando para caminhos mais abrangentes. Esse não é um "projeto ambicioso" (como foi divulgado), mas sim um adorável disco de rock!

6. Once More 'Round the Sun (Mastodon)
O Mastodon é uma prova de que existe vida - e inteligência - no heavy metal atual. Sua fórmula musical, calcada num metal progressivo que alterna entre o hardcore, o doom e o "jazzístico", ainda resulta em obras singulares, como o "disquinho" premiado aqui. Estou falando de um som encorpado e multifacetado, perfeito para dar uma agradável "entortada" na cabeça...

5. Strut (Lenny Kravitz)
Se há uma característica que não podemos associar aos trabalhos mais recentes de Lenny Kravitz é o comodismo. Após ter lançado seus álbuns mais clássicos, ainda nos anos 90, Kravitz continua se esforçando para evoluir e mostrar cada vez mais a sua veia de rock star e 'funk/soul man' ao mesmo tempo. O resultado dos seus últimos esforços é "apenas" um dos seus melhores álbuns!
Clique aqui para ler a resenha completa.

4. Lazaretto (Jack White)
Jack White certamente é um dos músicos mais prolíficos do rock atual, desde sua estreia como líder do White Stripes no final dos anos 90. Em sua recente carreira solo, o cantor/compositor/guitarrista/produtor vem gerando críticas positivas com a abrangência musical explorada nos seus dois discos lançados até então. No mais recente, White leva a sua mistura de folk rock com rock 'n' roll garageiro a outro patamar. Escute com atenção!

3. Nheengatu (Titãs)
Sejamos sinceros: os Titãs sempre foram competentes na arte de misturar estilos no seu caldeirão pop/rock, mas não é de hoje que esperávamos por um álbum mais homogêneo e focado na essência roqueira da banda. Após muita espera - e dois discos irregulares -, eis que o grupo lança um trabalho direto, nervoso, e com críticas ácidas que não podem ser ignoradas nos dias de hoje. Faça como os caras: recupere sua essência jovem o quanto antes!

2. Blind Rage (Accept)
Desde a saída do lendário vocalista Udo Dirkschneider, o Accept foi responsável por uma das maiores "voltas por cima" da história do heavy metal. Com o igualmente ótimo Mark Tornillo nos vocais, o grupo já lançou 3 álbuns altamente criativos, sendo este último o ápice dessa nova fase. Pesado e com uma produção invejável, temos aqui um disco para ser escutado em volume alto!

1. Everything Will Be Alright in the End (Weezer)
Após um período de baixa no setor criativo, o Weezer trouxe duas coisas de volta: o seu antigo estilo "fofinho/pesado" e uma química mágica que resultou em músicas empolgantes, cheias de adoráveis "curvas melódicas", de acordo com a antiga tradição da banda. Com uma maestria ironicamente surgida da falta de pretensões, o Weezer levantou mais uma vez a sua bandeira 'nerd', e dessa vez sem qualquer vergonha!
Clique aqui para ler a resenha completa.

Melhor EP:
*Fuck (Buckcherry)
Clique aqui para ler a resenha completa.

Top 10 - Músicas:

1. The Feast and the Famine (Foo Fighters)
2. Somebody Fucked With Me (Buckcherry)
3. Sex (Lenny Kravitz)
4. I've Had It Up to Here (Weezer)
5. Miss Adventure (AC/DC)
6. Dying Breed (Accept)
7. Mensageiro da Desgraça (Titãs)
8. Would You Fight For My Love? (Jack White)
9. O (Coldplay)
10. The Next Jet to Leave Moscow (Manic Street Preachers)

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FAIXA BÔNUS: TOP 2013

Top 10 - Álbuns:

1. Histórias e Bicicletas (Oficina G3)
2. ...Like Clockwork (Queens of the Stone Age)
3. 13 (Black Sabbath)
4. New Horizon (The Answer)
5. Graffiti on the Train (Stereophonics)
6. The Winery Dogs (The Winery Dogs)
7. The Devil Put Dinosaurs Here (Alice in Chains)
8. 13 (Suicidal Tendencies)
9. The Next Day (David Bowie)
10. Now What?! (Deep Purple)

Top 10 - Músicas:

1. Encontro (Oficina G3)
2. Been Caught Cheating (Stereophonics)
3. Dirty Dynamite (Krokus)
4. GoGoGo (Status Quo)
5. Gluttony (Buckcherry)
6. Like Clockwork (Queens of the Stone Age)
7. Built for War (Megadeth)
8. How Does the Grass Grow? (David Bowie)
9. Boxes (Travis)
10. Begin The End (Placebo)

segunda-feira, dezembro 08, 2014

[Álbum] Monuments to an Elegy (The Smashing Pumpkins)

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Qualquer análise sobre a clássica banda de rock alternativo Smashing Pumpkins poderia substituir o nome do grupo por "Billy Corgan e seus empregados". Na real, desde a retomada da banda em 2006, ficou bem claro para todo mundo que a marca Smashing Pumpkins pertence ao seu incontestável líder. Depois de novas mudanças de formação - com direito a uma contratação temporária do baterista Tommy Lee (Mötley Crüe) -, eis que Billy Corgan lança "Monuments to an Elegy" (2014), seu oitavo álbum de estúdio.

No caso da obra em questão, apesar do estilo "roqueiro" que transmite certo sentimento de espontaneidade - inclusive em suas letras -, podemos notar uma clara irregularidade em sua química musical, devido à sonoridade "tímida" e "assustada" que foi captada de cada instrumento gravado - sendo que muitos deles foram gravados pelo próprio Billy!

"Então vou parar de ler por aqui, pois esse álbum deve ser horrível", você me diz. Eu respondo calmamente que esse é apenas um detalhe negativo, no meio de um trabalho que mistura bem o experimentalismo com a simplicidade, de uma forma nunca antes feita pelos Pumpkins. O que falar então da boa qualidade em pelo menos 8 de suas 9 canções? Ficou mais curioso agora? Pois bem, vamos às músicas...

Para começar, aquele famoso "muro de guitarras pesadas e limpas ao mesmo tempo" está de volta em grande estilo, nas envolventes "Tiberius", "One and All (We Are)" e também na conclusiva "Anti-Hero". Já o interessante groove de "Anaise" traz um sentimento "dançante" e soturno ao mesmo tempo, o que é bastante agradável aos ouvidos.

Os pop/rocks "Being Beige" e "Run2Me" lembram os tempos do Zwan (a brevíssima banda montada por Billy Corgan logo após o primeiro término dos Smashing Pumpkins). Por sinal, "Being Beige" se mostrou como a melhor escolha possível para primeiro single, embora qualquer ouvinte menos sonhador do que o Sr. Corgan saiba que nada deste novo álbum poderá angariar uma nova base de fãs para essa banda "velhinha" dos anos 90...

A mistura de simplicidade com experimentalismo pode ser bem evidenciada na boa "Drum + Fife". Na inspiradíssima e energética "Monuments", Corgan perdeu uma ótima chance de acrescentar o já citado "muro de guitarras", o qual traria um sabor extra à música. Já a semi-balada "Dorian", com sua levada eletrônica suave, soa como uma espécie de sobra do álbum "Adore" (1998), o que está longe de ser uma coisa boa.

No final das contas, após oscilar entre a ótima produção e a química musical duvidosa, "Monuments to an Elegy" se mostra como uma obra inquieta, ousada, e definitivamente "Corganesca". Esqueça por um momento a grandiosidade dos clássicos "Siamese Dream" (1993) e "Mellon Collie and the Infinite Sadness" (1995), e curta essa pequena "bolacha" que traz 33 minutos de músicas agitadas, curtas, e ironicamente diferenciadas entre si. Depois disso, aperte o 'play' mais uma vez...

Nota: 7

Confira o álbum completo ou suas faixas de destaque:


Músicas:
1. Tiberius
2. Being Beige
3. Anaise!
4. One and All (We Are)
5. Run2Me
6. Drum + Fife
7. Monuments
8. Dorian
9. Anti-Hero

terça-feira, novembro 25, 2014

[Álbum] Não Pare Pra Pensar (Pato Fu)

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Em 22 anos de carreira, o Pato Fu manteve sua especialidade no paradoxo musical que une o pop com o rock alternativo. Na real, sempre foi difícil rotulá-los - tarefa que se tornou ainda mais complicada depois que o grupo "invadiu" o gênero infantil com o seu penúltimo álbum, "Música de Brinquedo" (2010). E agora, eis que o quinteto mineiro retorna à "normalidade esquisita" de sempre, através do seu novo álbum "Não Pare Pra Pensar" (2014). Não entendeu? Calma aí então...

O Pato Fu costuma usar e abusar do fator "caixinha de surpresas", em que a ideia é fazer cada música impressionar o ouvinte com o seu estilo, produção e nuances inusitadas. No mediano álbum "Daqui Pro Futuro", de 2007 (anterior ao já citado "Música de Brinquedo"), o grupo optou por uma sonoridade mais homogênea e focada em canções mais suaves. Já no novo trabalho em questão, a tal homogeneidade musical foi puxada para o outro lado: o das músicas pra dançar...

Logo na primeira faixa - e single - "Cego para as Cores", podemos notar uma boa mistura de pop com rock, além de uma letra enigmática que faz com que o Pato Fu mantenha sua integridade alternativa no cenário comercial. Já "Crédito ou Débito" é guiada pelo seu riff de guitarra levemente 'blueseiro' em cima de um ritmo agitado e melancólico ao mesmo tempo, o que torna a música adoravelmente surreal.

"Eu Era Feliz" e "Um Dia do Seu Sol" possuem uma boa fusão do típico vocal doce da Fernanda Takai com um ritmo dançante, o que as transforma em perfeitas candidatas a futuros singles do disco. Já o cover inusitado da vez é "Mesmo Que Seja Eu", de Erasmo e Roberto Carlos. E para não dizer que as baladas foram totalmente esquecidas, temos a ótima "Eu Ando Tendo Sorte", uma canção com convenções sonoras elegantes e uma letra bem sacada.

O rock "puro" marca presença na potência sonora de "Ninguém Mexe Com o Diabo", e na contraditória mensagem pró-maturidade contida nas letras da energética "You Have To Outgrow Rock'n Roll". Ambas as faixas trazem o guitarrista/compositor Jonh Ulhoa nos vocais, como ocorria em boa parte das antigas músicas dos "patos"...

Pontos fracos? Digamos apenas que, com exceção dos detalhes sempre interessantes do baixista Ricardo Koctus, temos pouco destaque do tecladista Lulu Camargo, e do novo baterista Glauco Mendes - substituto do virtuoso Xande Tamietti, o cara que deu um brilho extra a quase tudo que o Pato Fu fez no passado.

Após toda essa viagem, podemos chegar à conclusão de que, ao contrário do que manda a recomendação irônica (proposital ou não, tanto faz) do seu título, "Não Pare Pra Pensar" é um álbum que ativa o nosso cérebro musical de uma forma intrigante e divertida, de acordo com a lei na terra dos "patos". E que a redescoberta da sonoridade roqueira por parte de Fernanda e Jonh nos traga álbuns tão interessantes quanto esse no futuro. Aguardemos...

Nota: 8

Confira o álbum completo ou suas faixas de destaque:


Músicas:
1. Cego para as Cores
2. Crédito ou Débito
3. Ninguém Mexe Com o Diabo
4. Não Pare Pra Pensar
5. Eu Era Feliz
6. Um Dia do Seu Sol
7. You Have To Outgrow Rock'n Roll
8. Siga Mesmo no Escuro
9. Pra Qualquer Bicho
10. Mesmo Que Seja Eu
11. Eu Ando Tendo Sorte

sexta-feira, novembro 21, 2014

[Álbum] No Fixed Address (Nickelback)

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Quando se fala nos canadenses do Nickelback, uma coisa é certa: graças a ótimos hits e pelo menos três álbuns marcantes, os caras já tem seu lugar garantido no futuro "rock clássico dos anos 2000". Vou ainda mais longe e digo que o Chad Kroeger e seus comparsas são os reis do chamado "pós-grunge genérico". Porém, como ocorre com qualquer banda comercial em um momento de baixa - nesse caso, após o desgaste criativo e vendas medianas do álbum "Here and Now" (2011) -, as mudanças sonoras para o álbum seguinte seriam inevitáveis.

Em um 2014 marcado pela contínua queda comercial do rock, o Nickelback lança o seu novo álbum, intitulado "No Fixed Address". Pelo visto, os empresários do quarteto se julgaram espertos na crença de que teriam sucesso com uma fórmula mais pop/rock do que qualquer outra coisa feita pela banda em seus álbuns anteriores. Ledo engano, meus caros! O que temos aqui é um grupo de músicos mais perdidos do que surdo em bombardeio.

As faixas "Million Miles an Hour" e "Edge of a Revolution" abrem o álbum com uma produção "lisa" e inofensiva até demais, além de ainda mostrar o desgaste criativo das músicas mais fracas do trabalho anterior. Já a balada "What Are You Waiting For?", ironicamente lançada como single principal, traz um sentimento semelhante ao de experimentar um delicioso açaí insosso de 2 reais feito em um bar. Minha nossa senhora, o que é essa coisa?

Daí para frente, já temos uma ideia da proposta sonora do disco, sempre focada em baterias que tentam soar tão modernas quanto as programações eletrônicas das músicas pop atuais, e em vocais com as mesmas quebras e cortes irritantes que podemos encontrar em um single da Rihanna, por exemplo. Não acredita? Escute a dançante "She Keeps Me Up" e tire suas conclusões de como uma música poderia ser melhor se soasse mais "old school"...

Tentar encontrar alguma substância nas horrendas baladas "Satellite" e "Miss You" chega a ser uma atividade mais inútil do que montar uma sauna no meio do deserto. Por sinal, ao longo do álbum, você terá memorizado uma progressão de acordes que foi utilizada em pelo menos três músicas anteriores - algo semelhante ao que sentimos após ter escutado duas músicas de sertanejo universitário na sequência.

Agora, vamos aos poucos destaques do disco: o rock cru "Get 'Em Up", a safadeza sônica bem sacada de "Got Me Runnin' Round" e as interessantes levadas diferenciadas de "The Hammer's Coming Down" e "Sister Sin". Tais músicas nos dizem apenas que o Nickelback teria encontrado uma boa fonte de renda em uma vertente mais ousada e alternativa.

Concluindo, em "No Fixed Address", o Nickelback mostra que, após uma boa carreira em cima de um modelo que atingiu seus picos nos ótimos álbuns "Silver Side Up", "The Long Road" e no criminalmente injustiçado "Dark Horse", já estava sim na hora de uma mudança de direção. Porém, se os fãs não suportam mais o antigo formato pós-grunge, e o ouvinte comum atual não quer saber de um grupo de "velhos feios" em seus mp3 players, então fica a pergunta: quem é que teria interesse em escutar um Nickelback mais pop? Bem... quase ninguém!

Nota: 4

Confira o single "What Are You Waiting For?":


Músicas:
1. Million Miles an Hour
2. Edge of a Revolution
3. What Are You Waiting For?
4. She Keeps Me Up
5. Make Me Believe Again
6. Satellite
7. Get 'Em Up
8. The Hammer's Coming Down
9. Miss You
10. Got Me Runnin' Round
11. Sister Sin

quinta-feira, novembro 06, 2014

[Álbum] Rain Dogs (Tom Waits)

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O cantor norte-americano Tom Waits é o tipo de cara de quem todo mundo já ouviu falar em algum momento, apesar de suas canções nunca estarem presentes em nenhum tipo de programação musical (seja em rádios, 'playlists' de festas e reuniões de amigos em geral, coletâneas de grandes artistas, etc.). Tal realidade gera um pensamento do tipo "nunca ouvi, mas já o respeito pelo que falam da sua música", o que não é nada saudável para qualquer pessoa. Sendo assim, a melhor introdução para os novatos é o clássico álbum "Rain Dogs", de 1985.

Ao contrário do que acontece em nossas análises de pérolas musicais que podemos chamar de "trabalhos que estiveram à frente do seu tempo", os álbuns do Tom Waits trazem um sentimento dúbio nesse quesito, devido à aura retrô que permeia suas canções, sempre com influências de jazz, folk, e alguma coisa de rock 'n' roll com cheiro de naftalina. E como a cereja no topo do bolo, ainda temos a atitude boêmia e voz de "bufão encachaçado" que ficarão impregnadas em sua cabeça pelo resto da sua vida!

Como deu para perceber, originalidade é o ponto forte de Tom Waits, o que pode ser confirmado na essência circense de "Singapore", na percussão bizarra de "Clap Hands", no clima latino e sombrio de "Jockey Full Of Bourbon", e no aspecto ironicamente brega da balada "Hang Down Your Head". E isso apenas para ficar em pequenos detalhes chamativos de uma obra recheada de camadas e variações musicais...

Mas, se querem mais destaques desse apanhado extenso até demais (19 faixas no total), aqui vão mais alguns: o singelo folk "Time", o blues rock experimental "Rain Dogs", e o quase pop/rock fino "Downtown Train". Até mesmo os rockões "Big Black Mariah" e "Union Square" soam bastante alternativos, como prova de que o nosso estilo favorito poderia ser ainda mais amplo se existissem mais 'Toms" no mundo...

"Mas Fábio, com tantas misturas doidas, cadê o rock propriamente dito na música desse cara?", você me pergunta. Respondo que a atitude rocker de Tom Waits se encontra no seu desejo de fazer uma música chocante e desafiadora, sempre com letras que trazem histórias de pessoas atormentadas do submundo, e instrumentais variados que nos levam para uma espécie de cabaré bizarro, onde encontramos indivíduos com problemas reais e músicas de um poeta bêbado no ar... Mais rock 'n' roll, impossível!

Como o próprio Tom Waits canta na conclusiva "Anywhere I Lay My Head": "Minha cabeça gira sem parar, tenho meu coração dentro dos sapatos, e eu digo que em qualquer lugar em que repouse minha cabeça, eu estarei, enfim, em casa.". No álbum "Rain Dogs", esse é o sentimento geral que nos passa pela cabeça, enquanto relaxamos e observamos mentalmente cada quadro transmitido de forma vívida por suas loucas músicas. Escute-o com atenção e prepare-se para um sentimento "What the fuck?" mais do que agradável...

Nota: 9

Confira o álbum completo ou suas faixas de destaque (links no vídeo original):


Músicas:
1. Singapore
2. Clap Hands
3. Cemetery Polka
4. Jockey Full of Bourbon
5. Tango Till They're Sore
6. Big Black Mariah
7. Diamonds & Gold
8. Hang Down Your Head
9. Time
10. Rain Dogs
11. Midtown
12. 9th & Hennepin
13. Gun Street Girl
14. Union Square
15. Blind Love
16. Walking Spanish
17. Downtown Train
18. Bride of Rain Dog
19. Anywhere I Lay My Head

sexta-feira, outubro 31, 2014

[Álbum] Kings & Queens of the Underground (Billy Idol)

OBS. (2024): O texto abaixo representa apenas as minhas percepções iniciais sobre música.
Confiram meus materiais posteriores, nos links do menu desse blog. Obrigado!

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Conhecido no Brasil como "o cara que canta 'Eyes Without A Face' e 'Dancing With Myself'", ou "o cara que influenciou todos os trejeitos do Supla", o britânico Billy Idol na verdade é dono de uma carreira bem interessante, que nos trouxe álbuns clássicos do pós-punk e new wave como "Billy Idol" (1982) e "Rebel Yell" (1983). Em 2014, o querido pioneiro do "punk de boutique" lançou seu sétimo álbum: "Kings & Queens of the Underground".

Imagino que um fã do Billy Idol sinta um tom de deboche no termo supracitado, mas a real é que o Billy sempre pareceu ostentar tal título com uma boa dose de estilo (processado, de forma bem humorada, a partir da sua própria cafonice) e uma curiosa qualidade musical. Já em seu novo álbum, o cantor seguiu pelo caminho da seriedade, letras introspectivas e excesso de baladas. O resultado? Algo bem próximo de uma tragédia épica!

Logo na canção "Bitter Pill", com sua produção mais enfeitada do que cadela shitzu de madame, percebemos que estamos prestes a embarcar numa viagem que, sem o perdão do trocadilho com o próprio título da música, será como tomar uma pílula bastante amarga. Já o single "Can't Break Me Down" começa com um ritmo pulsante promissor, para então mostrar os perigos de se misturar punk rock eletrônico com uma essência à la Imagine Dragons.

Outro ponto negativo se encontra na inesperada sequência de cinco baladas (minha nossa, quem arrumou essa lista?) que começa com a brega faixa-título do álbum, passa por canções descartáveis como "Eyes Wide Shut" e "Ghosts in My Guitar" (devemos levar esse título a sério?) e termina com a razoável e singela "Love and Glory". Se algum ouvinte não achar essa sequência mais lenta do que lesma em 'slow motion', sugiro que este abandone o rock.

E para não dizer que não falei das flores, temos como destaque o rock 'flutuante' "Save Me Now", além do petardo agressivo "Postcards from the Past" - que nos remete aos melhores singles do Billy Idol, como "Rebel Yell" e "Scream". Já o semi-hardcore 'perfumado' "Whiskey and Pills" (que vício em pílulas é esse, meu caro Idol?) é bacaninha mas desperdiça uma boa chance de encerrar o disco com um "algo mais" que ressoe em nossas cabeças...

Concluindo, "Kings & Queens of the Underground" é um trabalho confuso - por ser roqueiro e baladeiro ao mesmo tempo -, pouco inspirado, desnecessariamente sério, e que traz como "fator diversão" apenas o abrangente trabalho do ótimo - e inseparável - guitarrista Steve Stevens. Os apreciadores do Billy Idol de outrora continuarão esperando por um trabalho que soe mais digerível do que essa pequena "pílula amarga"...

Nota: 3


Músicas:
1. Bitter Pill
2. Can't Break Me Down
3. Save Me Now
4. One Breath Away     
5. Postcards from the Past
6. Kings & Queens of the Underground
7. Eyes Wide Shut
8. Ghosts in My Guitar    
9. Nothing to Fear   
10. Love and Glory
11. Whiskey and Pills

sexta-feira, outubro 24, 2014

[Álbum] Everything Will Be Alright in the End (Weezer)

OBS. (2024): O texto abaixo representa apenas as minhas percepções iniciais sobre música.
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Uma das coisas mais bacanas no som do Weezer, em seus quatro primeiros álbuns, era a inconfundível aura 'nerd' que permeava suas canções, além do uso (até então inusitado) de guitarras pesadas em cima de melodias e letras "fofinhas" - algo que viria a influenciar até o estilo 'emo', vale ressaltar. Sendo assim, a cada novo álbum lançado pelo quarteto norte-americano, apenas uma pergunta nos vinha à cabeça: "Será que isso soa como Weezer?".

Todos nós sabemos da importância das mudanças de sonoridade ao longo das discografias de bandas de rock, mas a qualidade medíocre dos álbuns mais ousados do Weezer - "Make Believe" (2005) e "Red Album" (2008) - apenas prova que, no caso dos caras em questão, ninguém precisa de grandes mudanças. O nono álbum do grupo, curiosamente intitulado "Everything Will Be Alright in the End" (2014), nos mostra o Weezer que gostamos de escutar.

Acima de qualquer frescura, a velha fórmula de guitarras altas, bateria firme, solos sutis, letras propositalmente ingênuas, e espírito jovem estão de volta em grande estilo! Podemos notar o conforto de Rivers Cuomo e sua "turma colegial já quarentona" ao executar novos hinos do indie rock, como as envolventes "Ain't Got Nobody" e "Lonely Girl", canções que nos levam a um hipotético baile em que todos dançam ao som do rock 'n' roll (sim, igual ao clipe de "Buddy Holly"!).

E o que falar do excelente single cadenciado "Back to the Shack", com sua descarada homenagem à simplicidade de uma boa música? E a diversão não acaba por aqui, pois "The British Are Coming" e "Da Vinci" não geram mais do que uma emoção completa e quase juvenil, com suas "curvas melancólicas" que lembram o melhor daquilo que Rivers Cuomo e sua trupe fizeram em seu glorioso passado.

Faixas como "Eulogy for a Rock Band" e "Cleopatra" trazem algumas pequenas surpresas melódicas e estruturais, mas sem fugir da marca registrada do grupo. E o que falar do ritmo solto e espírito 'glam rock' de "I've Had It Up to Here", além das brincadeiras pseudo-épicas presentes na trilogia conclusiva formada pelas faixas "I. The Waste Land", "II. Anonymous" e "III. Return to Ithaka"? Diversão garantida em todos os sentidos, meus caros!

Com ótimas músicas, ausência de pontos fracos, e uma produção limpa e refinadíssima, o Weezer provou que a evolução musical se resume apenas na entrega de trabalhos de qualidade. E se me permitem o devaneio, não quero pensar que "tudo ficará bem no fim", como o título do álbum sugere. Prefiro pensar que "tudo ficará bem neste inspirado recomeço". E que venham novas coleções de pérolas sonoras desses pequenos grandes 'nerds' no futuro!

Nota: 10

Confira o álbum completo ou suas faixas de destaque:


Músicas:
1. Ain't Got Nobody
2. Back to the Shack
3. Eulogy for a Rock Band
4. Lonely Girl
5. I've Had It Up to Here
6. The British Are Coming
7. Da Vinci
8. Go Away
9. Cleopatra
10. Foolish Father
11. I. The Waste Land
12. II. Anonymous
13. III. Return to Ithaka

segunda-feira, outubro 20, 2014

"Quase Famosos" e a importância do crítico de música

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Qualquer roqueiro/cinéfilo que se preze já deve ter assistido ou ouvido falar em "Quase Famosos" (2000), uma adorável película do competente diretor Cameron Crowe sobre o mundo do rock. Elogiado tanto por críticos de cinema quanto por críticos de música, o filme é mais do que apenas uma comédia dramática típica de uma Sessão da Tarde da vida... Afinal, acima de todos os seus detalhes e pequenas mensagens implícitas, há uma pergunta intimamente ligada ao seu roteiro: "Qual é a importância do crítico de música?".

Como deu pra perceber, não farei aqui a milésima resenha de um filme já devidamente esmiuçado por redatores mais especializados em cinema. Quero apenas responder a supracitada pergunta sobre a importância do crítico de música, ainda mais em uma era que mistura no mesmo pacote - e de forma um tanto paradoxal - a liberdade de expressão desenfreada com a censura gerada pelo fanatismo e falso moralismo.

Se você prestar muita atenção em qualquer discussão sobre grandes bandas, iniciada em sites ou comunidades de rock em geral, verá uma dose de 'xiitismo' que nos faz pensar por um momento se vale a pena continuar em uma "tribo" que possui uma quantidade maior de cabeças-de-vento do que de seres pensantes. Em um cenário desses, é claro que o crítico de música se torna fundamental!

Voltando ao filme, há cenas marcantes sobre o assunto, como aquela em que o jovem crítico William Miller é orientado pelo lendário crítico Lester Bangs a não se deixar levar pela falsa amizade oferecida pela banda que estiver sendo resenhada (algo que acontece até hoje). O que falar então do apelido "O Inimigo", que William recebe "carinhosamente" do Stillwater, a banda protagonista do filme? São pequenas alfinetadas narrativas como essas que mostram a real de que o crítico, acima de tudo, é um "inimigo" mais do que útil a qualquer banda!

No mundo da música, as pessoas devem lembrar que é importante ouvir/ler todo tipo de opinião, e que tais opiniões devem ser bem fundamentadas, como aquelas vindas de... um crítico! Isso não apenas estimula o cérebro do ouvinte, de tal forma que este se acostume com todos os detalhes e nuances que uma música (boa ou ruim) pode oferecer, como também estimula as bandas a refletirem sobre seu direcionamento musical - afinal, arte não é apenas o músico fazer o que bem entende, mas sim pensar um pouco no que ocorre seu redor, misturar tais observações com suas próprias visões, e então gerar uma obra digna e única.

É bem verdade que o ser humano possui um lado agressivo e irracional. E é bem verdade que o rock é um estilo "monolítico" em muitos aspectos. Mas, isso não quer dizer que devemos deixar aquela música vibrante servir como uma espécie de pedrada na cabeça, que nos deixe incapacitados de pensar - e refletir - antes de entrar em qualquer discussão sobre esse maravilhoso estilo. Nesse sentido, o filme em questão ainda mostra, nas entrelinhas, que não devemos levar nada tão a sério... inclusive críticas negativas cheias de acidez!

Por fim, o ato de relembrar da mensagem mais bacana de "Quase Famosos" é uma boa forma de nos tornarmos mais inteligentes do que os integrantes daquela tal banda fictícia Stillwater, que acabou afundando no seu próprio oceano (com o perdão do trocadilho) graças à sua falta de autocrítica e falta de respeito ao simpático e visionário crítico William Miller. E se você é um músico, e está lendo isso aqui agora, tenha cuidado, pois o mesmo pode acontecer com você!

segunda-feira, outubro 13, 2014

[Álbum] ...The Stories We Could Tell (Mr. Big)

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"Um pouco menor, mas ainda de bom tamanho". Não, meus caros, isso não é uma descrição dos atributos de um ator pornô de quinta categoria, mas sim o pensamento que vem à cabeça durante a audição do novo álbum dos norte-americanos do Mr. Big, intitulado "...The Stories We Could Tell" (2014). Se ainda não entenderam, fiquem tranquilos, pois as devidas explicações virão a seguir...

Banda respeitada entre os apreciadores do artisticamente injustiçado hard rock do final dos anos 80 para o início dos anos 90, o Mr. Big lançou seis álbuns de estúdio antes de encerrar suas atividades em 2002. Após investidas em projetos paralelos, esse "quarteto fantástico" (para quem não sabe, cada um deles é um exímio músico) retornou com o ótimo álbum "What If..." (2011), o que trouxe uma possibilidade promissora para o futuro dos caras.

Mas, se vamos falar de atividades em longo prazo, o fato é que não podemos nos animar muito, visto que o baterista Pat Torpey se afastou da banda após descobrir que sofre de Mal de Parkinson. Ainda assim, ao escutarmos a faixa de abertura "Gotta Love The Ride", podemos agitar o esqueleto com suas variações de levadas e com a inconfundível química que quase sempre permeou o som do grupo, seja nos vocais ainda firmes de Eric Martin, no baixo cheio de idas e vindas do mestre Billy Sheehan, ou na guitarra eletrizante de Paul Gilbert.

Por sinal, rocks cadenciados e/ou suingados como "I Forget to Breathe", a raivosa "The Monster In Me", e a 'bluesy' "Cinderella Smile" (bastante influenciada pelo som do Free) dão o tom principal do disco. E como bom representante do chamado "hard farofa", o Mr. Big não poderia deixar de fora umas canções mais diretas, como as boas "Satisfied" e "What If We Were New?", músicas que nos fazem querer dirigir sem rumo e sem preocupações por aí... E calma lá, pois a nervosa "The Light of Day" ainda pode te levar a ultrapassar os limites de velocidade em qualquer lugar!

Porém, como ocorreu na maioria dos seus discos, os pontos fracos ficam por conta de algumas baladas insossas, canções que funcionavam em quantidades moderadas nos dois primeiros álbuns, e no já citado trabalho de 2011. As cafonas "The Man Who Has Everything", "Just Let Your Heart Decide" e "East/West" nos fazem pedir por um balde de vômito nos momentos de descanso entre os rocks. Já "Fragile" consegue soar razoável, graças ao seu bom ritmo.

Virtuosismo? Checado! Letras "acima da média" em relação àquelas das bandas de hard rock dos anos 80? Checado! Ótimas canções? Checado! Canções ruins? Infelizmente, checado também! No final das contas, temos um álbum com irregularidades, mas que mostra bem o que é esse "novo" Mr. Big, uma banda que ainda pode gerar interesse nos apreciadores de uma música feita por caras que conhecem bem a sua própria fórmula. Vamos apenas selecionar as melhores músicas de "...The Stories We Could Tell" em nossas 'playlists' particulares, e esperar por um pouco mais de foco no próximo álbum, ok?

Nota: 7

Confira o álbum completo ou suas faixas de destaque:


Músicas:
1. Gotta Love The Ride
2. I Forget To Breathe
3. Fragile
4. Satisfied
5. The Man Who Has Everything
6. The Monster In Me
7. What If We Were New?
8. East/West
9. The Light Of Day
10. Just Let Your Heart Decide
11. It’s Always About That Girl
12. Cinderella Smile
13. The Stories We Could Tell

terça-feira, outubro 07, 2014

[Álbum] Strut (Lenny Kravitz)

OBS. (2024): O texto abaixo representa apenas as minhas percepções iniciais sobre música.
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Em plena era da informação fácil, é raro encontrarmos algum ser perdido que nunca tenha escutado ao menos alguns hits de Lenny Kravitz. Apesar da abrangência musical desse norte-americano desde a sua estreia - com o ainda tímido álbum "Let Love Rule", de 1989 -, o fato é que seus últimos discos tem evidenciado sua paixão cada vez mais crescente por dois gêneros: funk e rock. E o seu novo álbum, "Strut" (2014) é o ápice dessa mistura!

Com tanto tempo de carreira, e atingindo agora a marca de 10 trabalhos de estúdio, Lenny Kravitz mostra, com muito conforto e sinceridade, que pode se divertir - e divertir o mundo, de bandeja - com o fato de estar de bem (aparentemente) consigo mesmo. Após o álbum "Black and White America" (2010), o qual puxava uma veia mais sociopolítica em boa parte das suas 16 canções, temos uma proposta mais dinâmica e despretensiosa nas 12 faixas de "Strut".

Quer algo mais direto e irreverente do que 'funk rocks' vigorosos e cheios de groove que trazem títulos como "Sex", "Dirty White Boots", "Strut" e "Frankenstein"? Você pode praticamente deduzir as temáticas das músicas pelos seus títulos, e pode dedicar sua atenção ao que realmente importa: a construção instrumental e a ótima produção do disco, o que torna a experiência auditiva bastante fluida e agradável, quase sem pontos fracos.

O mais interessante é que as músicas nunca soam puramente rock, pop ou funk, assim como o álbum nunca soa essencialmente agitado ou lento. Kravitz desenvolveu, por fim, um híbrido perfeito entre seus gêneros favoritos, o que resultou em um som que te faz imaginar um fictício encontro do Prince com o Jimi Hendrix em uma festa bacana, ou qualquer outra imagem surreal e divertida desse tipo...

E, claro, as baladas também mostram alguma influência do 'groove' geral do disco, como podemos notar em "The Pleasure and the Pain" e "She's a Beast", canções que misturam a beleza da soul music com certo apelo sexual, sempre de forma digna e nada apelativa. E de bônus, alguma coisa de new wave pode ser encontrada nas pulsantes e grudentas "The Chamber" e "I'm a Believer".

Concluindo, Lenny Kravitz mostrou que, ao menos em termos musicais, conseguiu ser mais do que apenas um dos representantes do pop/rock dos anos 90. Juntamente com os clássicos álbuns "Mama Said" e "Are You Gonna Go My Way", temos "Strut" como forte candidato em qualquer enquete sobre os melhores discos do cara. Esqueça a sua capa à la propaganda de perfume tosco, e escute cada música com atenção!

Nota: 9

Confira o álbum completo ou suas faixas de destaque (links na playlist):


Músicas:
1. Sex
2. The Chamber
3. Dirty White Boots
4. New York City
5. The Pleasure and the Pain
6. Strut
7. Frankenstein
8. She's a Beast
9. I'm a Believer
10. Happy Birthday
11. I Never Want to Let You Down
12. Ooo Baby Baby

quarta-feira, outubro 01, 2014

[Álbum] Wicked Nature (The Vines)

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Alguém se lembra da tendência britânica de nomear certos artistas novos como "salvações do rock", logo após o estrondoso sucesso dos Strokes em 2001? Para os mais esquecidos, os australianos do The Vines foram as primeiras vítimas dessa brincadeira, logo quando lançaram o excelente álbum "Highly Evolved" em 2002. Após cerca de dois anos de 'hype', a banda morreu para o grande público. Com persistência, o grupo continuou na ativa, e agora acaba de lançar seu sexto trabalho: "Wicked Nature" (2014).

O The Vines sempre teve o tresloucado líder Craig Nicholls (voz, guitarra) como único integrante constante da banda. Após mostrar a ótima mistura de Beatles com Nirvana no já citado álbum de estreia, o grupo apostou em uma dose maior de psicodelia no bom "Winning Days" (2004), para então chocar o público com uma estética musical mais punk no superior "Vision Valley" (2006), atitude essa que se manteve com irregularidades nos álbuns seguintes...

Se você chegou à conclusão de que "Wicked Nature" é apenas um pastiche do "Vision Valley", acertou em cheio! O pseudo-diferencial se encontra no fato do novo disco ser duplo, apesar de trazer um tempo total de 55 minutos (?!), jogada que se mostra tão coerente e genial quanto o ato de pagar para receber uma injeção na testa.

Por sinal, baladas como "Venus Fly-Trap", "Into The Fire", "Slightly Alien" e "Fly Away"  apenas provocam um efeito não muito diferente daquilo que imagino ser um porre regado a sedativos. Já a bela "Truth" traz um sentimento nostálgico agradável para quem se lembra das lindas baladas daqueles três primeiros álbuns...

Rocks como "Metal Zone", "Green Utopia", "Psychomatic" e "Rave It" transformam a velha - e antes adorável - espontaneidade musical da banda em um mero incentivo ao ato de curtir rock 'n' roll à base de batidas de cabeça na parede. Já a ótima "Out The Loop" prova que ao menos um pouco da inspiração punk da banda ainda pode ser usada de uma forma positiva.

Se deixarmos as irregularidades dos seus extremos de lado, podemos notar que os maiores destaques do álbum ficam por conta das músicas em que Nicholls encontra uma inspiração promissora no meio-termo entre as velocidades mínima e máxima da sua rodovia musical. Falo de rocks como "Ladybug", "Anything You Say", "Girl I Want" e "Darkest Shadow", canções que se mostram mais cadenciadas, coloridas em suas influências de power pop, e com temáticas mais... sóbrias, digamos assim.

Sim, meus caros, o The Vines se encontra em um ponto baixo em sua carreira, como podemos evidenciar na extensa autoindulgência de "Wicked Nature". Ainda que consiga "passar arrastado" em uma avaliação de média 5, Craig Nicholls precisa se concentrar mais para conseguir sair do limbo criativo no qual ele mesmo se colocou. Enquanto isso, vamos relembrar o melhor do indie rock dos anos 2000's, ao som dos velhos hits "Get Free" e "Ride"!

Nota: 5

Escute o álbum completo ou suas músicas de destaque (links na playlist):


Músicas:

[Disco 1]
1. Metal Zone
2. Ladybug
3. Green Utopia
4. Psychomatic
5. Killin the Planet
6. Anything You Say
7. Venus Fly Trap
8. Good Enough
9. Out the Loop
10. Rave It
11. Wicked Nature
12. Into the Fire


[Disco 2]
1. Reincarnation
2. Love Is Gone
3. Truth
4. Slightly Alien
5. Everything Else
6. Fly Away
7. Girl I Want
8. Clueless
9. Darkest Shadow
10. Funny Thing

sexta-feira, setembro 19, 2014

[Álbum] Costa do Marfim (Cachorro Grande)

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O que poderia surgir de uma parceria entre a banda gaúcha Cachorro Grande e o produtor excêntrico Edu K? Até mesmo quem conhece bem som da banda, já poderia ter certeza de uma coisa a respeito do novo álbum do grupo: experimentações exóticas e "dorgas", cara, "dorgas" das grandes no som do "Big Dog"...

Após quatro álbuns de um rock 'n' roll sempre misturado a certas influências de pop/rock retrô e brit rock (de Beatles a Oasis, só pra ficar nas bandas mais óbvias), o Cachorro Grande resolveu dar um passo além nos álbuns "Cinema" (2009) e "Baixo Augusta" (2011), o que marcou o início de uma fase de mudanças mais significativas entre cada trabalho do grupo. Tal proposta culminou em "Costa do Marfim", objeto da resenha em questão.

Pela primeira vez na história de Beto Bruno (vocal), Marcelo Gross (guitarra) e sua competente trupe, a dificuldade de dissecar um álbum do grupo na primeira audição se torna aparente. De toda forma, os 11 minutos da canção de abertura "Nós Vamos Fazer Você Se Ligar" dão o tom eletrônico/psicodélico que permeia boa parte do disco. E, como sempre, o ouvinte poderá deixar de lado qualquer necessidade de analisar as letras "nada com nada" típicas dos caras.

Músicas como "Nuvens de Fumaça", "Eu Não Vou Mudar" e "O Que Vai Ser" trazem um delicioso sabor de guitarras 'noise' em cima de batidas dançantes que lembram uma mistura de rock industrial com uma espécie de indie rock puxado por loops de bateria. Destaque para "Crispian Mills" e "Use o Assento para Flutuar", duas pérolas de psicodelia eletrônica e etérea que nos remetem logo ao som do Primal Scream.

O lado "pop" do álbum é representado pelo razoável single "Como Era Bom", um retorno meio torto à antiga essência da banda. E aproveitando o gancho para falar dos pontos mais fracos do disco, podemos acrescentar à lista a insossa "Eu Quis Jogar" e a altamente louca "Torpor Partes 2 e 5", com suas recitações non-sense e seus 8 minutos que se mostram mais demorados do que enterro de gente rica.

O fato é que o Cachorro Grande se encontra em uma fase boa para experimentações, visto que a "seca prolongada" do rock nos últimos anos se mostrou propícia à atividade de "atirar para todos os lados", a fim de ver o que é que pode dar certo... E se bandas como o Capital Inicial erraram feio em novas investidas (leia aqui), o Cachorro Grande conseguiu ao menos um resultado digno em seu novo trabalho. Dê suas tragadas e curta essa viagem peculiar a uma "Costa do Marfim" fictícia e comandada pelo nosso "Big Dog"...

Nota: 7

Escute o álbum completo ou suas músicas de destaque (links na descrição do vídeo):


Músicas:
1. Costa do Marfim (vinheta)
2. Nós Vamos Fazer Você Se Ligar
3. Nuvens de Fumaça
4. Eu Não Vou Mudar
5. Crispian Mills
6. Use o Assento para Flutuar
7. Como Era Bom
8. Eu Quis Jogar
9. Torpor partes 2 & 5
10. O Que Vai Ser
11. Fizinhur (vinheta)

terça-feira, setembro 16, 2014

[Álbum] Talking Heads: 77 (Talking Heads)

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Imagine o cenário: um grupo de fãs de indie rock conversa sobre 'hypes' do momento e bandas clássicas que os influenciaram, até o inevitável momento em que o nome Talking Heads surge do meio do papo. Alguns deles citam o envolvente hino alternativo "Psycho Killer", o que gera um breve momento de apreciação desse clássico inquestionável, seguido da rápida mudança de assunto, visto que ninguém conhece nada da banda além da música supracitada.
 
O que os ouvintes mais desavisados não sabem é que o Talking Heads, quarteto americano liderado pelo sempre pitoresco David Byrne, lançou pelo menos três álbuns que foram influentes para o punk rock, pós-punk, new wave, indie rock e música eletrônica! Vamos abordar aqui o "Talking Heads: 77", seu álbum de estreia - e sim, é nele que se encontra a música "Psycho Killer".

Para quem não sabe, tal álbum foi lançado em 1977, ano que nos trouxe os discos mais marcantes do punk rock. Então, se você estiver preparado para ouvir algo que siga os moldes dos Ramones, Sex Pistols ou The Clash, pode esquecer! A própria música de abertura, "Uh-Oh, Love Comes to Town" traz um sabor de pop quase tropical, o que dá o tom da essência imprevisível do grupo.

De toda forma, a preferência nesse trabalho foi pelos rocks dançantes, tais como "New Feeling" e "The Book I Read", canções que misturam a simplicidade dos seus músicos com a livre regência de Byrne. Por sinal, não demora para que o ouvinte esteja imerso nas principais características sonoras da banda: a voz tensa de Byrne, os arranjos cheios de detalhes sutis, e as letras que trazem uma visão deliciosamente bizarra do mundo e do nosso dia-a-dia.

Faixas como "Don't Worry About the Government" e "First Week/Last Week…Carefree" trazem uma espécie de alegria sonora, disfarçada por letras irônicas e por vezes desconexas. Já a variada "No Compassion" representa um lado quase progressivo do grupo. E até mesmo a curtíssima "Who Is It?" está longe de soar como um "enchimento de linguiça". Para fechar com chave de ouro, o rock "Pulled Up" soa como um verdadeiro convite para que o ouvinte continue sendo "sugado" pela intrigante música da banda.

Fugindo do peso das bandas punks, e também da obscuridade e melancolia das bandas de pós-punk, o Talking Heads concebeu o seu magnífico "Talking Heads: 77" como prova de que a atividade cerebral e emocional podem ser sumarizadas em uma música que, até mesmo em seus momentos mais galhofeiros, pode - e deve - ser levada a sério. Escute com atenção, e se prepare para conversas ainda mais ricas e detalhadas sobre o enorme universo do rock!

Nota: 10

Escute o álbum completo ou suas músicas de destaque (links na descrição do vídeo):


Músicas:
1. Uh-Oh, Love Comes to Town
2. New Feeling
3. Tentative Decisions
4. Happy Day
5. Who Is It?
6. No Compassion
7. The Book I Read
8. Don't Worry About the Government
9. First Week/Last Week…Carefree
10. Psycho Killer
11. Pulled Up

quinta-feira, setembro 04, 2014

[Vídeo] Oceania: Live In NYC (The Smashing Pumpkins)

OBS. (2024): O texto abaixo representa apenas as minhas percepções iniciais sobre música.
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Uma das poucas instituições do rock alternativo, conhecida pelo nome de Smashing Pumpkins, sempre teve a ousadia musical e a visão pessimista/melancólica do seu líder Billy Corgan como pontos de partida para qualquer um dos seus lançamentos. Em seu novo DVD "Oceania: Live In NYC", Corgan e sua "equipe atual" mostram uma apresentação completa da sua última turnê.

Acima de tudo, temos aqui um verdadeiro concerto dos Smashing Pumpkins, com direito a um telão de fundo à la Pink Floyd, no qual alguns vídeos e imagens abstratas se encaixaram muito bem com a música elaborada da banda. O set list traz o ótimo álbum "Oceania" (2012) na íntegra, alguns hits, e a boa faixa inédita "The Dream Machine". Se, por um lado, Billy sempre gostou de criar repertórios que possam agradar e chocar o público ao mesmo tempo, por outro, deixaremos qualquer pensamento indulgente de lado na análise a seguir, ok?

A execução do "Oceania" é primorosa em seus detalhes sônicos, trazendo algumas versões que chegam a superar as de estúdio, visto que Billy conseguiu fazer a banda soar como... bem, como uma banda! Destaque especial para a pesadíssima "Quasar", e para a comovente "Violet Rays", faixas que mostram bem a variação semi-progressiva do álbum em questão. Mas, ainda assim, é inevitável o olhar pouco animado de um público que tomou um gole de paciência com energético para aguentar uma hora de relógio antes de ouvir alguma canção antiga.

Na segunda metade do set, e após um curioso cover pesado de "Space Oddity", do David Bowie, o quarteto dá início à grande celebração do seu som clássico. Grandes hits como "Bullet with Butterfly Wings" e "Cherub Rock" trazem, mesmo nessa nova formação "apagada", o famoso canhão sonoro que fez a molecada dos anos 90 se apaixonar pela banda. E as versões mais eletrizadas de "Disarm" e "Tonight, Tonight" mantém, com maestria, aquele elemento emocionante que pode levar qualquer ouvinte de boa música às lágrimas.

No final, o saldo do DVD é positivo, tanto em seu áudio maravilhosamente "estrondoso" como em seu vídeo bem filmado e editado - tendo o melhor resultado possível de uma banda que não é muito performática. Mas, é claro que as coisas poderiam ter sido ainda melhores, se pelo menos 4 ou 5 músicas do "Oceania" tivessem dado espaço para outros hits (como "1979" e "Today"), os quais trariam mais momentos daquela interação bacana que só começou de verdade na segunda metade do show em questão.

Em 20 anos de uma carreira que, apesar da inúmera troca de integrantes - e duvido que você mantenha uma lembrança dos novos músicos ao final desse DVD, apesar do inquestionável profissionalismo de cada um deles -, trouxe mais acertos do que erros, Billy Corgan mostra que, em termos de um bom show de rock, ainda tem algo a aprender com os mesmos fãs que aprenderam muita coisa boa com a sua música.

Uma pequena amostra:


Nota: 7

Faixas:
1. Quasar
2. Panopticon
3. The Celestials
4. Violet Rays
5. My Love Is Winter
6. One Diamond, One Heart
7. Pinwheels
8. Oceania
9. Pale Horse
10. The Chimera
11. Glissandra
12. Inkless
13. Wildflower
14. Space Oddity
15. X.Y.U.
16. Disarm
17. Tonite Reprise
18. Tonight, Tonight
19. Bullet with Butterfly Wings
20. The Dream Machine
21. Hummer
22. Ava Adore
23. Cherub Rock
24. Zero

quarta-feira, setembro 03, 2014

[Álbum] Futurology (Manic Street Preachers)

OBS. (2024): O texto abaixo representa apenas as minhas percepções iniciais sobre música.
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Os galeses do Manic Street Preachers sempre estiveram às margens do sucesso no cenário do rock britânico dos anos 90 e 2000's, sempre lançando álbuns diferenciados entre si, mas nunca atingindo algo mais do que um status 'cult' - o que ocorreu após o lançamento do exemplar de pós-punk "The Holy Bible" (1994) e da pérola de britpop "Everything Must Go" (1996). De forma incansável, a banda ousa mais uma vez, tanto em termos de som quanto em termos de letras, em "Futurology" (2014), seu novo álbum.

Funcionando como uma pseudo-continuação do mediano "Rewind the Film" (2013), o qual chocou o mundo com uma sonoridade semi-acústica que causou uma reação emocional indiferente às suas músicas, temos aqui um trabalho mais emaranhado, elétrico - e por vezes eletrônico -, com algumas das melhores canções compostas por James Dean Bradfield (voz e guitarra), Nicky Wire (baixo e extravagâncias visuais) e Sean Moore (bateria).

Faixas como o singelo rock "Futurology" e o ecoante e bem sacado single "Walk Me to the Bridge" indicam um caminho que remete ao dream pop dos anos 90, com guitarras sutis, melodias harmoniosas e bateria "dançante" na medida certa. E baladas como a etérea "Divine Youth" e as eletro-indies "Black Square" e "Between the Clock and the Bed" funcionam como bons momentos de descanso em um álbum que, felizmente, é dominado por faixas mais dinâmicas e/ou agitadas.

E os pontos altos do álbum ficam por conta da sensacional "The Next Jet to Leave Moscow", um rock ao mesmo tempo energético e comovente, e dos divertidos rocks eletrônicos "Europa Geht Durch Mich" e "Sex, Power, Love and Money", além de duas surpresas instrumentais inspiradas: "Dreaming a City (Hughesovka)" e "Mayakovsky". Já os pontos fracos ficam por conta da repetitiva e forçada "Let's Go to War", e da chata "The View from Stow Hill".

Ok, muito se falou aqui sobre os bons arranjos e a esperta produção do álbum, mas o que podemos dizer sobre as letras, que sempre foram um dos fortes da banda em seus álbuns anteriores? Em suma, suas críticas a questões políticas e sociais diversas continuam firmes e fortes, com uma veia irônica e elegante que a banda nunca deixou de exibir - e esperamos que continuem a exibi-la até o fim de suas atividades. E se este humilde resenhista corre o risco de parecer evasivo em relação às belas letras da banda, pode ter certeza de que o faço para que o leitor venha a conferir cada uma delas por conta própria...

Em sua eterna ode à mutação musical, os "Manics" (como são carinhosamente chamados) também nos lembram de sentimentos e "pendências" críticas que não devem passar em branco, ainda mais nessa era de artistas superficiais ou pretensiosos. Sem o perdão do trocadilho, o fato é que "Futurology" representa mais um passo do trio rumo a um bom futuro, tanto para eles mesmos quanto para os poucos ouvintes que ainda prestam atenção à sua música.

Nota: 8

Músicas:
1. Futurology
2. Walk Me to the Bridge
3. Let's Go to War
4. The Next Jet to Leave Moscow
5. Europa Geht Durch Mich
6. Divine Youth
7. Sex, Power, Love and Money
8. Dreaming a City (Hughesovka)
9. Black Square
10. Between the Clock and the Bed
11. Misguided Missile
12. The View from Stow Hill
13. Mayakovsky

sábado, agosto 30, 2014

[Álbum] Definitely Maybe: 2014 Reissue (Oasis)

OBS. (2024): O texto abaixo representa apenas as minhas percepções iniciais sobre música.
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Vinte anos... Sim, no último dia 29/08, os fãs daquela que é chamada por eles mesmos de "a melhor banda do mundo" puderam comemorar o vigésimo aniversário do lançamento de um verdadeiro "monumento sonoro". A banda, claro, é o Oasis, e o álbum é o "Definitely Maybe". Mas, ao invés de escrever a milionésima resenha sobre o trabalho original - tão influente para qualquer roqueiro dos anos 90 -, me concentrarei aqui na edição de aniversário do "disquinho", agora transformado em um "discão"... literalmente!

Qualquer pessoa bem familiarizada com o som do álbum de estreia dos irmãos Gallagher e sua trupe da época - formada pelo guitarrista Paul 'Bonehead' Arthurs, o baixista Paul 'Guigsy' McGuigan e o baterista Tony McCarroll -, vai perceber nesta nova edição a melhoria na qualidade do álbum, embora sua crueza e rusticidade características continuem intactas, exatamente como deve ser! O pacote em digipack também é um show à parte, com um belíssimo e completo trabalho de arte interna.

E, se os fãs nunca foram levados a sério em suas declarações de que os lados-B dos três primeiros discos do Oasis possuem quase a mesma qualidade dos lados-A, temos aqui uma chance perfeita de mostrar ao ouvinte comum uma sequência que inclui todos os lados-A e lados-B da época, unidos finalmente como uma grande família de canções singulares, as quais mostravam bem os dotes vocais "arranhados" (ainda intactos) de Liam Gallagher, e a composição intrincada do líder e guitarrista Noel Gallagher.

Em pleno 2014, não há muito o que dizer (ou repetir) sobre o canhão sonoro de "Rock 'n' Roll Star", sobre a safadeza harmônica de "Shakermaker", sobre o efeito épico de "Live Forever", sobre o espírito punk de "Up in the Sky" e "Bring It on Down", sobre o barulho minimalista e anestesiante de "Columbia", sobre as guitarras maravilhosamente lineares de "Supersonic", sobre o envolvente clima festeiro de "Cigarettes & Alcohol", sobre o momento indie-rocker de "Digsy's Dinner", sobre a beleza melódica escondida no relativo peso de "Slide Away", e sobre a - até então - inesperada faceta acústica ainda prototipada em "Married with Children".

Também não há muito o que dizer sobre letras que, em sua maioria, traziam apenas a urgência otimista e despretensiosa que o cenário do rock pedia naquele momento, após um já defasado período em que o grunge dominou o ouvinte com sua filosofia mais pessimista. Exceto pela reflexiva "Live Forever", pode-se dizer que este é o único álbum do Oasis em que não precisamos nos importar tanto com as letras, bastando nos entregarmos ao rock 'n' roll...

E agora, vamos aos lados-B, reunidos no segundo disco do 'reissue' em questão. Na tradição dos canhões sonoros característicos do Oasis naquela época, pode-se destacar os rocks "Cloudburst", "Fade Away" e "I Am The Walrus" (um esperto cover pesado dos Beatles), além das comoventes semi-baladas "Listen Up" e "(It's Good) To Be Free". Entre as faixas acústicas cantadas por Noel, temos as lindas "Sad Song", "Take Me Away" e "D'Yer Wanna Be A Spaceman?". E o que falar do contagiante single épico "Whatever"? Sem mais...

O único ponto negativo fica por conta da desnecessária inclusão de versões ao vivo no terceiro disco, quando seria melhor a banda ter incluído todas as faixas de um 'bootleg' até então chamado de "The Lost Tapes" (faixas perdidas). Para não dizer que tais demos foram totalmente ignoradas, a banda trouxe o petardo "Strange Thing", o qual, infelizmente, só nos deixa com água na boca para ouvir todo o restante daquele raro "pacote".

Após essa viagem nostálgica, concluo aqui que o Oasis sobreviveu com dignidade ao teste do tempo. Temos aqui uma banda e um álbum que, finalmente, podem ser introduzidos ao chamado "classic rock". E para quem pensa que a viagem de glória do Oasis começou e terminou por aqui, basta ficar ligado no 'reissue' do álbum seguinte: "(What's the Story) Morning Glory?", programado para relançamento em 2015. A história de um dos mitos dos anos 90 continua no próximo capítulo...

Nota do álbum: 10
Nota do reissue: 9

Músicas:

[Disco 1]
1. 'Rock'n'Roll Star'
2. 'Shakermaker'
3. 'Live Forever'
4. 'Up In The Sky'
5. 'Columbia'
6. 'Supersonic'
7. 'Bring It On Down'
8. 'Cigarettes & Alcohol'
9. 'Digsy's Dinner'
10. 'Slide Away'
11. 'Married With Children'

[Disco 2]
1. 'Columbia' (White Label Demo)
2. 'Cigarettes & Alcohol' (Demo)
3. 'Sad Song'
4. 'I Will Believe' (Live)
5. 'Take Me Away'
6. 'Alive' (Demo)
7. 'D'Yer Wanna Be A Spaceman?'
8. 'Supersonic' (Live)
9. 'Up In The Sky' (Acoustic)
10. 'Cloudburst'
11. 'Fade Away'
12. 'Listen Up'
13. 'I Am The Walrus' (Live Glasgow Cathouse June 1994)
14. 'Whatever'
15. '(It's Good) To Be Free'
16. 'Half The World Away'

[Disco 3]
1. 'Supersonic' (Live At Glasgow Tramshed)
2. 'Rock'N'Roll Star' (Demo)
3. 'Shakermaker' (Live Paris in-store)
4. 'Columbia' (Eden Studios Mix)
5. 'Cloudburst' (Demo)
6. 'Strange Thing' (Demo)
7. 'Live Forever' (Live Paris in-store)
8. 'Cigarettes & Alcohol' (Live At Manchester Academy)
9. 'D'Yer Wanna Be A Spaceman?' (Live At Manchester Academy)
10.'Fade Away' (Demo)
11. 'Take Me Away' (Live At Manchester Academy)
12. 'Sad Song' (Live At Manchester Academy)
13. 'Half The World Away' (Live, Tokyo hotel room)
14. 'Digsy's Dinner' (Live, Paris in-store)
15. 'Married With Children' (Demo)
16. 'Up In The Sky' (Live Paris in-store)
17. 'Whatever' (Strings)