Por Fábio Cavalcanti
Sem sombra de dúvidas, a fase mais marcante do Deep Purple foi a chamada "MkII" (algo como "segunda formação"), que trouxe Ian Gillan como vocalista. Tal formação foi responsável pela sequência de 4 ótimos álbuns, entre eles o clássico absoluto "Machine Head" (1972).
Por outro lado, como não é possível tal unanimidade positiva prevalecer por 4 álbuns em sequência, o título de pior álbum da fase acabou sobrando para o "Who Do We Think We Are", de 1973 (provavelmente por ter vindo logo após o "Machine Head"). Injustiçado? Sem sombra de dúvidas!
As qualidades do "Who Do We Think We Are" começam no certo amadurecimento inevitável, depois da alta dose de rock 'n' roll ininterrupto do "Machine Head". Ainda assim, tal amadurecimento não se mostrou exatamente uma mudança no som da banda, o que manteve a essência do estilo do Deep Purple. Apenas isso já seria motivo para o álbum ser bastante respeitado. Mas quem disse que as qualidades do álbum terminam por aí?
Quanto às músicas, logo de cara, somos apresentados a "Woman from Tokyo", maior sucesso do álbum. É verdade o que muitas pessoas dizem, sobre o estilo da música lembrar bastante o clássico "Smoke On The Water". Mas e daí? A música é boa, e isso já basta!
Em seguida, "Mary Long" mantém o ritmo, mas dessa vez com toque mais melódico. Atenção especial à letra dessa música, que chama a atenção facilmente pela rima das palavras "virginity" e "stupidity", ditas no refrão.
A mistura de riffs poderosos com psicodelia está presente em "Super Trouper", que ironicamente cita as palavras "rock 'n' roll" em seu trecho mais lento do refrão. Talvez a música mais fraca do álbum, mas não deixa de ser criativa.
A dobradinha que traz a veloz "Smooth dancer" e a suingada "Rat bat blue" representa o trecho mais agitado do álbum. Impossível ficar parado ao som desses 2 rocks contagiantes e virtuosos. Destaque especial para a bateria de Ian Paice em "Rat bat blue".
O blues "Place in line" chama atenção pela sua melodia crua, e divisão entre um trecho mais "paradão" e outro mais agitado. O guitarrista Ritchie Blackmore brilha mais uma vez, com seus inconfundíveis solos.
Fechando o álbum, temos a balada "Our lady". Apesar de não trazer nada de muito incrível, é uma música agradável aos ouvidos, devido à sua melodia "pra cima", e sem nenhuma passagem melosa.
Concluindo, "Who Do We Think We Are" é um álbum subestimado, que teve o azar de ser concebido logo após o álbum de maior sucesso do Deep Purple. O próprio título do álbum ("Quem nós pensamos que somos?"), apesar de ser humilde, já servia como uma previsão para as críticas negativas que estavam por vir. É uma pena, pois a verdade é que este álbum fechou muito bem a melhor fase do Deep Purple.
Nota: 8
Um comentário:
Esse álbum é fantástico, mas...por ter sido lançado logo depois do Machine Head, foi injustiçado...Bem óbvio de acontecer, hehe
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